Candeeiro costumava dizer que entrou no grupo de Lampião por acaso, em 1937, quando ele trabalhava em uma fazenda que foi cercada pelo bando, em Alagoas. Pouco depois, chegaram as volantes, como eram conhecidas as forças recrutadas entre civis e militares para combater os cangaceiros. Ele dizia que preferiu seguir os bandidos, porque se sentiu mais seguro. Achava que ao lado das volantes, poderia ser morto. Ele ficou por dois anos no bando. E teria ganho a simpatia do cangaceiro ao dizer que era de Buíque, mesmo lugar em que nasceu Jararaca, um valente seguidor do bando.
Candeeiro contava que atuava como mensageiro do bando, levando cartas de Lampião para extorquir dinheiro dos fazendeiros do sertão. Costumava dizer que os pedidos eram sempre atendidos. “Nunca voltava de mãos vazias”, costumava lembrar. Ele contava, sem disfarçar o orgulho, que ficou tão próximo do rei do cangaço, que chegou a provocar ciúme em Maria Bonita, mulher de Lampião.
Candeeiro estava perto do bandido, quando ele foi executado em Angicos, Sergipe. Teria comentado que o local não era seguro. Pouco depois, acontecia o ataque que acabava com Lampião e seu bando. Candeeiro tentou defender o chefe. “Desci atirando, foi bala como o diabo”. Escapou do cerco e terminou se entregando posteriormente, diante da promessa que não seria morto. Ficou dois anos na prisão. Quando saiu, voltou ao sertão de Pernambuco, onde atuou no comércio, até se aposentar.
Na cidade, Manoel Dantas Loyola era mais conhecido como Né. Foi com esse apelido que reintegrou-se à sociedade, trabalhou no comércio e viveu como cidadão comum até o fim da vida. Costumava dizer que o cangaço era uma “história de sofrimento” e tinha uma marca na coxa, resultante de ferimento provocado durante um tiroteio. Sem medicamento no meio da caatinga, ele dizia ter cicatrizado a ferida com “ pó de farinha peneirado com pimenta”.
G1
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